terça-feira, dezembro 12, 2006

Japa fantasma, o melhor do ano.

Resultado de anos e anos vivendo sob as rédeas do coronelismo, a imprensa cearense carrega "nas costas" o árduo fardo da auto censura e ainda luta muito para publicar notícias que desagradam as autoridades locais, mesmo com todas as provas de que são verdadeiras. Nem tão diferente com o que ocorre no restante do país, aliás. Respeitando as devidas proporções, a liberdade de informação em grande parte do universo se torna parcial, na medida em que falta a grana. Ou, na facilidade desta. Do poder... De empregos...
Bem, voltando "pras" bandas daqui, o certo é que muitos jornalistas acabam pagando alguns micos por isto. Não raro, assinam matérias informando que o Ceará é o maior destino turístico do país, quando qualquer ser mais informado sabe que Rio, São Paulo, Bahia, Santa Catarina, são os estados que têm a prioridade. O que a notícia quer dizer e foi esquecida é que isto se refere a "pacotes turísticos". E por aí vai... E não há ombudsman que consiga corrigir. Por sinal, existem apenas dois ouvidores na imprensa brasileira, o da Folha e do O Povo, de Fortaleza.
Bem, o papo tá bom, mas o mais importante da estória, o famoso "lead", que já tá no meio, é com relação ao mico federal que toda a imprensa pagou neste ano: o caso do artista japonês que nunca existiu e ganhou páginas e mais páginas de matérias. O fantasma japona foi criado por um um artista local, que inventou um nome, fotos das obras do cara, acertou exposição no museu de arte comtemporânea do Centro Cultural Dragão do Mar, o mais importante daqui, imaginou um passado pro dito, deu entrevistas por e mail, criou uma assessoria de imprensa e tudo o mais. No dia da inauguração o museu estava cheio de cópias de mensagens de e mails entre ele e um outro artista, falando sobre a idéia da farsa.
Segundo o cearense, a intenção era denunciar o descaso da imprensa com os artistas locais e a desinformação em relação a arte em geral. Vixe... O fato merece ser eleito o mais "vexatório" de 2006.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

O mar, como palco...

E da espuma prateada ela se formou. De repente. Como por encanto. Não fez qualquer ruído, pra não atiçar a calmaria do mar, neste horário. Tirou a camisola azul e soltou ao vento. Seu corpo, um contorno de diamantes, dançava delicadamente sobre as ondas. Tocou levemente na lua. Um portal se abriu. E ele reapareceu todo de branco. Carregava uma criança, coberta com cristais. Uma menina sorridente, que brincava na janela florida do céu. Outra menina adolescente, colhia rosas de brisas, que viravam cavalos marinhos ao mergulharem na água.
Um palco sem fim, sem limites de tempo ou de espaço, visto da varanda da sala. Fim do primeiro ato? É dezembro... Terra. Um clarão ilumina a noite. Uma estrela cadente, que parecia vir na minha direção. Logo o perfume. Logo o beijo. Logo, a gargalhada. Ficou a intenção do abraço forte, tão sonhado... Ficaram outras estrelas...
Outras constelações, como a Dalva, as Marias, as Boreais, que brilham e cintilam, descansando dos trabalhos de verão. Alegremente, rodam no compasso da música das esferas.
Quase a pino, a Estrela do Norte pisca para suas companheiras do Cruzeiro do Sul, bem abaixo da curva do globo rodopiante e por todos os lados, fileira após fileira, estrelas e planetas percorrem caminhos .
Quando a lua tiver completado o ciclo, será Natal. Não vejo a Estrela do oriente, do primeiro Natal, há tanto tempo atrás. Talvez ainda gire em direção às imensidões do espaço exterior, muito além destes pontos de luz, um incansável farol de marés de grande alegria anunciando outros natais em outros mundos, além do nosso conhecimento.
Talvez ela tenha chegado aos limites de seu curso e, nesse momento, esteja correndo uma vez mais em direção à terra para, um dia, iluminar o nascimento de uma menina, destinada a apoiar os passos vacilantes do homem.

sexta-feira, novembro 24, 2006

Protetor Solar Gratuíto

Enquanto uns se divertem, outros trabalham...Todo dia, um grupo grande de funcionários da prefeitura invade a praia pra fazer uma limpa. No bom sentido. Quer dizer, desde que a prefeita Luiziane Lins, que por incrível que pareça é do PT, assumiu aqui por estas bandas.
Sério. É limpeza geral. Retiram papéis soltos, sacos e copos plásticos, palha de milho, garrafas, pedaços de plantas trazidas pelo mar e até seringas, muito frequentes após algum show de roch. A grande quantidade de lixo é porque, além da falta de educação de muitos, existem poucas lixeiras espalhadas pela areia.
Falo em invasão, porque a turma de homens e mulheres se parecem mais como integrantes de um exército de outra galáxia. Usam chapelões improvisados, que tapam não só suas cabeças como todo o rosto, deixando só os olhos à mostra. Os macacões tapam o resto do corpo. Que tortura!
A cena, que deve ser frequente em todas as praias brasileiras - ou pelo menos deveria - só vem comprovar a tese popular de que a proteção solar precisa ser tratada pelas autoridades como um caso de saúde pública. Principalmente aqui no nordeste, onde o sol é figurinha comum o ano todo.
Há vários anos que ouvimos, em cada início do verão - e durante toda a estação - a mesma história: não esqueeeeeeeeçaaaaaaaaaaa o protetor solar........... Cuiiiiiiiiiidaaaaaaaaaado com o câncer de pele. É mãe. É irmão. É amigo. É programa de televisão. É matéria de jornal. É propaganda de bronzeador. Tudo repetido. Ano após ano, botando em suspeita toda a criatividade da mídia.
Pode ser proposital, quem sabe. Não acredito na contaminação de toda a imprensa. A verdade é que ninguém até hoje se preocupou com o outro lado da questão. Num país tropical, com mais da metade da população considerada miserável, como será possível a uma família comprar um protetor solar, cujo preço mais baixo está em torno de R$ 10,00? O que se conclui que há anos - como de fato demonstram as pesquisas - o povão está morrendo mais de câncer, do que de fome.
Quando a mídia vai reagir? Quando o Bial vai gravar mensagem de final de ano, exigindo passe protetor solar gratúito, exija protetor solar gratúito, não esqueça de protestar para obter o seu bolsa protetor solar.

terça-feira, novembro 07, 2006

Desvios obrigatórios.......

Uma pedra no meio do caminho pode interromper a caminhada. Pode. Pra quem anda descalça na beira da praia, pode até derrubar, se for grande. E se você estiver "mosqueando", com os olhos fixos no mar, o desastre é total. Se for pequena, pode machucar. Você terá que parar. Mas se você for atenta, você pula. Ou desvia.
Uma pedra dentro do tênis incomoda. Basta você descalçar o dito, tirar a pedra e ufa, que alívio! Simples.
Foi o que pensei, ao voltar há pouco da praia, após desviar de um monte de conchas e pedras, deixadas pela maré alta e me deparar com a cena de um atleta, interrompendo a sua corrida, e rapidamente se desfazendo do incômodo que uma pedrinha provoca, quando resolve se infiltrar em lugares indevidos.
A saudade, quando aperta, não pede licença e invade o coração. Você só vai perceber quando a dor no peito começa a aparecer, a luminosidade a escurecer, os olhos arderem e o tempo mudar se tranformando em uma torrencial tempestade...
Que passa, rapidinho. Basta enxugar os olhos. Sentir a energia do sol. Mergulhar na onda. E abraçar o ar, como uma saudação plena aos nossos pais, irmãs, amigos e amores que já tomaram um novo rumo de volta ao planeta original ou a um outro corpo, quem sabe.
Simples. Como desviar das conchas. Ou tirar a pedra do tênis.

sábado, outubro 14, 2006

Verdade e fundamento...

Não como ostras, pelo simples motivo: não gosto. Nada de pseudo explicações. Não gosto e pronto. Mas...como gostaria de comer ostras. Pelo simples motivo: o ritual que isto exige. Chega a ser um pouco parecido com o caranguejo. O que diferencia é que pra saborear o bichinho cabeludo-horroroso-danado de bom - só depende das nossas mãos. A ostra, é necessário alguém pra abrir, temperar ( com limãozinho, pimenta, curry e outro escambau de gosto) e, de preferência, bom de papo. Pelo menos, é assim, aqui na beira da Praia do Futuro. O "cabra" demora quase uma hora, pra preparar uma porção ( dez a doze ostras) e com o maior sazon. Chega, senta no banquinho que carrega, põe a toalhinha( parece limpinha) no lado e dê-lhe prosa. Vale tudo, dependendo do freguês. Hoje, o personagem era um cearense, casualmente, bem informado. "Pois é macho, será que a culpa da queda do avião da Gol foi mesmo da torre de Brasília ?"- começou o comedor de ostras. Notícia fresquinha. A suposição saiu hoje, na net, envolvendo quatro operadores, que teriam esquecido de comunicar a mudança de rota para o boeing. "Ah, que nada, é que já querem livrar os gringos da culpa", respondeu o vendedor.
Pode ser, pensei. Mas... se for assim, como ficam as vidas dos dois pilotos americanos do jatinho, já crucificados pela mídia? Nós, "cachaceiros" da profissão de jornalistas, já vimos o filme. Façamos a retrospectiva na mesma tecla. Na pressa, na ânsia da manchete, que nos dá notoriedade e dinheiro, atropelamos a ética. Acreditamos que após integrar as elites de vários setores da sociedade - o político, das artes, do esporte, da polícia, da alta " society" e até da malandragem - ganhamos "bagagem" e poder pra condenar ou enaltecer. Às vezes, ainda que inconscientes, pressionados por empresários, também da comunicação, que passam pelo mesmo processo. Sejam grandes ou pequenos, não há como diferenciar escrúpulos e interesses. Uns por vício, outros pela sobrevivência. Nem tão raros como a gente imagina. A convivência com mundos, que não são nossos, seja que lado for, o refinado e o bruto, a alegria e a tristeza, altera a nossa visão. E somos obrigados a ver, pra repassar pro mundo.
Temos o poder da denúncia pública. Qualquer texto incriminando alguém ou insituição, vira manchete. Vende muito. Não importa se verdadeira ou não. E deixa cicatriz profunda. Mesmo que desmentida, posteriormente, ficará a dúvida. Com o tempo, ninguém se lembrará da retração e bastará citar o nome de algum envolvido, que a pergunta será inevitável: "ah, este foi aquele que estava na manchete..." "Este" ficará como refém da história. É preciso nunca nos esquecermos disso, ao terminar uma matéria.

sexta-feira, setembro 29, 2006

Governo de peso

O sonho de todo o país de primeiro mundo é ter um operário no poder. Gozação não. Pelo menos foi o que salientou um gringo "rato de praia" suéco, que comanda uma rede de restaurantes, aqui na praia, a do Futuro. Há dois anos no Ceará, o empresário "bronzeado" de "bermudas", já que este traje o acompanha na sua árdua rotina diária, lamentou, durante o papo matinal praiano, não ser brasileiro, para poder votar no Lula, outra vez de novo com a bolsa do povo. " And corruption...", argumentei no meu inglês chulo, que faria meu nobre avô britânico ficar vermelho de vergonha, diante de tal terrorismo à língua materna.
Abtracismos à parte, e no "inglesunhol" entendível, expliquei que o sonho nacional de líderes administrativos e políticos estava muito longe da realidade. Toda a eleição ( sem voto obrigatório, isto soa tão mal em uma democracia..., aliás, a proposta estava no programa do Lula, que também não cumpriu...), deveria ter candidatos de "nível estético". Juliana Paes, Gianechini, Bruno Gagliasso, concorrendo à Presidência do Brasil... Participação popular garantida, em todas as chapas. Acabou-se a chatice do programa eleitoral gratúito. O comércio elevaria sua renda com o crescimento das vendas de aparelhos de televisão. A oferta de emprego duplicaria, com o reforço de pessoal para atender a demanda, durante os comícios, em todos os estados brasileiros. Sem falar na auto estima de cada cidadão... Libido em alta. Energia triplicada. Produção em série, em todas as áreas. Endorfinas "saindo pelo ladrão".
Na política externa, antes dos resultados eleitorais já será possível decretar o país como integrante do Conselho de Segurança da ONU. Fora o resto... Cadeira ocupada, na certa, em todos os cargos. Qualquer um destes eleitos, já imaginou o seu ministério? Por exemplo, Chico Buarque para a pasta da Cultura. Sônia Braga, para Relações Exteriores. Claudia Raia, quem sabe para a Fazenda. Marcelo Serrado, para a Administração. Edson Celulari, para a Educação. Cacá, para o recém criado Ministério dos Esportes. Vítor Fasano, que já está atuando na área, para o Meio Ambiente. Fernanda Lima, para a Chefia da Casa Civil... E por aí vai... Bom demais.

sábado, setembro 23, 2006

Se correr, o bicho pega...

Que a política brasileira, quanto mais se mexe, mais cheira mal, todo mundo sabe. Que o Lula decepcionou muita gente, também todo mundo sabe. Como eu, apostei na esperança. Não me arrependo. Não tive medo. Não tive preconceitos. E não me culpo, porque o pior pecado é fugir de seguir a tua consciência. Votei e vi. No governo que tem a visão de um trabalhador. Por que ter medo, se o Brasil, há anos, liderado por intelectuais, presidentes elitizados, educados na Sorbone, nunca mereceu o nosso aplauso. Pelo contrário. Sempre tivemos queixas do país, que nunca se apresentou do modo como tínhamos sonhado, desde os tempos da República. Getúlio Vargas? Pelo menos nos deu a legislação trabalhista. O que era normal, diante do processo de modernização que o mundo passava. Juscelino, foi razoável. Nos deu Brasília. Criticada por muitos. O País cresceu, no seu governo. O que também fez parte de um processo natural de globalização. Tínhamos o exemplo de Lech Valeska, na Polônia. O operário brilhante, que no poder, foi decepcionante. Mas, quem sabe no Brasil...
Putz. Errei de sonho, como diz o Gabeira? Verdade. Quantas vezes isto ocorre com a gente... Até que Lula estava indo bem, se não fossem as trapalhadas do seu partido. Ainda acredito no bom caráter do " ser" Lula. O radicalismo nunca foi bom negócio. O fanático acaba enrolando os pés com as mãos. Como se fosse um adulto mimado, que precisa enfrentar a vida, depois de formado. De repente, ao se deparar com as responsabilidades, se vê totalmente despreparado. Ah, mas senhor da razão... Por favor, chame a mãe... O coronel...
Não!!!!!!!! Viu o que a confusão faz... Faz a gente dizer besteira. Me lembrei da música do Chico, "chame o ladrão, chame o ladrão", aquela da época da ditadura. Chamar a polícia significava o decreto da nossa própria condenação. Física e moral, de tanto que se apanhava, por defender a liberdade. E, por incrível que pareça, a gente volta a ficar num mato sem cachorro. E o pior, sem ilusões. Porque, as opções que nos restam significa ver o mesmo filme.

sexta-feira, setembro 22, 2006

Liberdade. Ainda que tarde!


Nesta época, até o mês de dezembro, quando inicia a alta temporada de turismo, aqui nestas bandas, andar pela praia do Futuro, faz a gente se sentir no próprio quintal. Tudo parece maior. O céu. O mar. As dunas. Os gatos pingados deixam de ser pardos. Todos tem faces e atividades conhecidas. Muitos até, cumprimentam. É fácil identificar a tribo praiana. Gringo, então... Não só pelo lay-out, mas principalmente, pelas atitudes. É o caso de uma turista - dinamarquesa(?), suéca (?) , holandesa (?) - ( tem cara destes países), que não tá nem aí pra qualquer censura tupiniquim. E todo dia, tá lá ela, quietinha, tomando sol, deitada na areia, com os seios à mostra. Como se estivesse no seu território.
No início, muito índio se surprendia. Mas ninguém chamou a polícia ou coisa que o valha, como fizeram os cariocas, quando um lance destes ocorreu no Rio, no último verão. Agora, virou rotina. Palmas para os pms, ( falando baixinho...) que vivem passando de mini bugues pelas areias, por não terem tido, ainda, a infeliz idéia de proibição. Cultura é bom e exige respeito. Que felicidade, a gente sonhar, acreditando que a ternura não foi perdida e isso já possa fazer parte do currículo da nossa Polícia Militar brucutú... ( É difícil, mas merece as letras maísculas, pronto).
"Preservação dos valores morais", ou qualquer outra expressão medíocre que sirva pra justificar ações absurdas de dirigentes déspotas, disfarçados de democratas, como o papa "naza" e o presidente Bush - e mais um montão de bobalhões - como defesa da honra (?), só servem para atrasar ainda mais a humanidade. Putz, que papo qualquer coisa prá lá de Marraquech. Deve ser influência das campanhas políticas. Fui.

segunda-feira, setembro 11, 2006

Votar...Exercício difícil...

Final de tarde e os ratos de praia mais conhecidos se juntam numa rodinha, na Praia do Futuro. O vôlei ainda corre solto, neste turno. Hoje, com a "condescendência" para agregados. Estrangeiros e nacionais. Alemães, italianos, suíços, paranaenses, gaúchos, paulistas, que aproveitaram o feriadão. É sempre assim. Quem pode... gasta. Quem não pode... "dança" com o Faustão. E as caravanas ( o que a Globo não faz...), passam, com suas bandeiras partidárias. Vermelho ( de vergonha). Amarelo e azul ( de vergonha). Sem trio elétrico, no silêncio passivo, poluíndo apenas o visual. Barulhento, somente o avião do contra, carregando uma faixa de incentivo ao voto em branco ou nulo.
Adivinha? Cenário pronto pra deixa. "Taí a minha solução", gritou o vendedor de côco. "Não adianta, isto é pra abestado!" - respondeu o jornalista. "Já que não tem jegue, eu vou de burro", anunciou um senhor de barba. "O Lula é o que resta", falou o empresário. "O Lula... Você?... responderam vários. Ante a surpresa geral, ele ponderou que o Presidente era o único com carisma. Tem cara saudável, de quem não passa trabalho. Esbanja saúde. A pele tratada, como a da Regina Duarte na novela. Corpo "fininho, como inglês gosta e não tem vergonha de aplicar botox. "Ou você prefere um contabilista, que tem os números e projeções na ponta da língua, pronto pra castigar quem não faz a lição de casa?"
"Bem melhor. Um professor! Com bons modos, bons costumes, português correto. Fino, " argumentou mais um. "Nada disso, quem tá com tudo é a Helô. Brigona, inteligente, despojada e raçuda. A primeira coisa que ela vai fazer, pode escrever, antes de reclamar do parco orçamento deixado pelo ex, é nacionalizar as grandes empresas e expulsar os estranjas, como fez o seu queridinho Evo Morales", disse a psicóloga do grupo. "Só se mudar os óculos, fazer uma chapinha no cabelo, colocar um salto, um vestido, umas pintas..." "Ah, e retirar a ação que ela impetrou na justiça, contra a então candidata à prefeitura de Maceió, na última eleição, por conduta sexual incompatível, já que a mesma havia assumido a sua homossexualidade", provocou outra.
"Taí, óh, eu não falei, o Lula, pelo menos, não tem como assustar mais", falou o empresário. "Então não vota, é mais lógico", insistiu mais um defensor da tese. "Ei, será que o Bin Laden vai sair da toca..." " Vamo na deira?"

quarta-feira, setembro 06, 2006


Gay macho

A paixão e o tesão parecem aflorar mais na frente do mar. Não sei se pela descontração, a paisagem, a liberdade, os corpos quase nus. Ou tudo junto. A verdade é que basta dar uma voltinha pela praia, que a gente percebe bem isso. Seja na prática. Seja nas pessoas em volta. Casais se agarrando, se beijando e um moooooonnnnnte de carinhos jogados ao vento. Em Fortaleza, como em Salvador,nos lugares turísticos, os preconceitos são bem menores do que em outros lugares deste país. Por isto, é comum ver parceiros do mesmo sexo trocando carícias. Mesmo assim, grande parte destes carinhos são alvos de comentários. "Porra, dois baitolas de bigode... pode...", disse surpreendido um vendedor ambulante de colares e bonés. Por um bom tempo, ele seguiu o seu trajeto, quase de costas, para não perder a cena, novamente, quem sabe, excitado e feliz.
O contexto me lembrou um artigo inspiradíssimo de Arnaldo Jabor, sobre o filme dos heróis machos, o Segredo de Brokeback Mountain e a sua resistência em assistir o dito. "Pra quê ver mais um filme politicamente correto, onde o amor de dois cowboys é justificado romanticamente"? E depois que viu - segundo ele, o viado sempre encarnou a ambiguidade dos sentimentos machistas - mudou sua concepção de vida, inclusive. "É algo mais que romântico. Há um heroísmo épico, grego, como entre Aquiles e Pátroclo na Ilíada. É muito bom por ser uma reflexão sobre a fome que nos move para os outros, sobre a pulsação pura de uma animalidade dominante, que há muito tempo não vemos nestes tempos de sexo de mercado e de amorezinhos narcisistas. este filme amplia a visão sobre a nossa sexualidade", disse.
Pena que a arte faça parte de uma tribo ainda elitista, neste país. A cultura é cara. Cinema, teatro, livros. Se houvesse interesse dos governantes, poderia ser integrada como artigo da cesta básica, consumo de primeira necessidade e por consequência, problema de saúde pública. Mas, isto é papo pra outra hora...

quinta-feira, agosto 31, 2006

Paraíso à disposição...

Praias lindas. Areias branquinhas... Mar morno... Sol durante todo o ano... Luz elétrica. Água encanada. Rede telefônica. Ruas próximas, com asfalto. Estacionamento particular. Ônibus à qualquer hora. E uma vista esplêndida. Tudo isto, de graça...
Bem, você só paga as taxas públicas (?), quer dizer, algumas. Porque, no Ceará "não tem disso não". Virou terra de ninguém. E institucionalizada. Venha prá cá correndo, antes que outros metam a mão...
Pegue sua mochila e a primeira carona. Praia do Futuro, o destino de preferência. Nos primeiros dias, vá com calma. Estabeleça um limite. Faça um quadrado. Junte umas pedras, prepare o cimento e fique por lá. Ah, mas faça uma porta e tranque à chave, pra quando você quiser se divertir na noite fortalezense e não tiver algum dissabor, quando retornar...
Depois de alguns dias, com o fôlego já recuperado e sem mais aquela sensação de medo e vergonha, vá aumentando o seu espaço. Isto é, se alguém ainda não estiver no seu lado.
Dobre o seu terreno. Aumente a sua casa. Vertical ou horizontalmente. Tanto faz. Ou melhor, comece aos pouquinhos. Experimente uns cinquenta metros além do chão. Aguarde. É só pra ficar seguro, pois ninguém vai reclamar.
Após alguns meses, tente vender algumas bebidas, tira-gostos... Ponha umas mesinhas. Dê nome ao seu estabelecimento. Custa caro? Peça o patrocínio de alguma empresa. Pública ou privada. E monte sua placa! Construa um murinho, baseado naquele mesmo esquema, aos pouquinhos...
Pro murinho, peça a ajuda de um político influente, que está se recandidatando. Ele nem vai se preocupar com o nome registrado em área invadida. Ora, escrúpulo. Pinte o nome dele. Ainda dá pra faturar uma graninha... Vá com calma. Daqui à alguns meses, se ainda tiver um espacinho no lado de sua barraca, monte um parque aquático.
Mude o seu guarda-roupa, porque você passará a frequentar reuniões importantes, na sede da FIEC ( a nata dos empresários locais). Seu nome será citado, frequentemente, nas colunas sociais dos principais jornais cearenses. E com a maior carinha de pau, você dará entrevistas, nas emissoras de tevês locais, dizendo que está fazendo um bem à população e obtendo recursos para o estado.
A justiça? Ah, deixa pra lá. Há pouco, uma juíza do Tribunal Regional Federal, de Recife derrubou a liminar do Ministério Público, que impedia a invasão... Piratas, correi. O último apaga a luz.

sexta-feira, agosto 18, 2006

O estagiário
Caminhando pela praia, nesta manhã maravilhosa de sol, fui abordada - educadamente - por um moço, cerca de 19 anos, com um questionário na mão, me perguntando sobre hábitos e preferências alimentares. Era para uma agência de publicidade, que entre outras coisas, estava colhendo subsídios para a campanha de lançamento de um novo produto no mercado. As perguntas, no total de 10, até que foram bem rapidinhas. Não doeu. Não perturbou o meu trajeto. E o moço ficou agradecido: "em quase três horas de trabalho, este foi o segundo relatório que consegui concluir. Estagiário sooooofre", disse ele.
"E cooooomo!" Respondi, complementando - pra dar um alento e uma injeção de ânimo, no "pobre trabalhador" - ser a atividade muito importante não só na vida profissional, como na prática. E fiquei pensando, na retomada de minha caminhada, nos tempos de meu estágio, ainda no primeiro ano da Faculdade de Jornalismo, na Televisão Piratini, de Porto Alegre, onde até colocar comercial no ar - aprendi.
Mas tive sorte de sair ilesa das gozações de colegas. Como por exemplo, a busca de uma câmera ( naquela época, década de 70, imensas) e... de ônibus, no outro lado da cidade, como fizeram com outras estudantes de comunicação. Só pra não apagar a fama, me lembrei ainda, de uma piada entre amigas: era dia do aniversário de 40 anos de uma conhecida advogada. Ela acorda feliz, esperando os abraços dos filhos e do marido. Nada. Ninguém toca no assunto. Toma banho, se arruma e vai para o trabalho, achando que vai receber uma surpresa. Nada. No meio da tarde, um convite para um chope com um colega. É a vingança, já que ninguém lembrou do seu niver, pensou. Durante o dito, no barzinho próximo do trabalho, um convite para o apartamento dele, mais aconchegante. Eles chegam. Ele tira o paletó. "Pode tirar a camisa, que eu não me importo", arriscou, meio tímida. Ela vai ao banheiro e coloca o roupão, atrá da porta. Ele apaga a luz e insinua : "vem mais pra perto, senta aqui". Quando ela chega, ele levanta, subitamente, acende a luz e um monte de gente, marido, filhos, amigos cantam o parabéns. Rapidamente, ela olha ao seu redor e vê uma mulher quase nua, deitada no sofá e grita: "estagiário só faz merda!".

domingo, agosto 13, 2006

Praia Invadida

Imagine você, chegar numa praia, após um dia de trabalho, ou mesmo acordar e tirar aquele dia pra tomar um banho de mar, sentar numa espreguiçadeira confortável, de frente pro mar, chamar o garçon e pedir uma cerveja gelada ou um uisquezinho - aquele seu - beliscar uma batata-frita da hora - ou um camarãzão, ouvir uma música ao vivo. Ah, ainda ficar despreocupado, já que seguranças particulares estão atentos aos seus pertences. E também nas crianças, que se divertem nos confortáveis e próximos brinquedos aquáticos e não pensar em mais nada da vida... Pois isto é possível. Aqui na Praia do Futuro, em Fortaleza. E até com preços bem razoáveis... Ou melhor, " bem razoáveis", se a gente fingir que não está sendo otário e pagando por serviços que estão sendo utilizados encima de um terreno que lhe pertence. Você desconta. E muito. De seu suado dinheirinho. Em impostos!
Vira e mexe, o Ministério Público tenta colocar ordem na bagunça empresarial (estranhamente apoiada por grande parte da população local), como agora, por exemplo, em que ameça interditar os parques aquáticos e estabelecer um prazo de um mês para que as cercas destes luxuosos restaurantes ( aqui conhecidos como barracas de praia), sejam retiradas. É que eles são delimitados por muros! Na areia da praia...
A posse do terreno é tão descarada, que alguns empresários chegam ao displante de formar um verdadeiro "apharteid social, prepotencial, e qualquer mal maior" , "proibindo" que outros comerciantes mais modestos, vendam também seu peixe. Ou melhor, seus pastéis, seus salgadinhos, suas cervejas em latas, seus refrigerantes - através de truculentos seguranças. Tem outros que chegam a "impedir" inclusive a entrada ou passagem de banhistas ao mar, nos e (pelos) estabelecimentos, porque compram algum produto ( a metade dos preços cobrados nos restaurantes), nestes carrinhos de lanches!
Moradores da praia, contribuíntes, zé ninguém e outro escambau de gente torcem pra que a justiça não faça "vistas grossas", novamente e coloque as barracas no verdadeiro lugar, que seu próprio nome define: sem paredes, sem muros, sem delimitações. Só com tetos. E como proteção do sol. O povo e a natureza agradecem.

quarta-feira, agosto 09, 2006

Saudade do Quintana, da ética, da justiça...

Andando na praia (do Futuro, a minha praia), hoje nublada e calma de turistas, depois da leitura dos jornais e dos noticiários da tevê, cujos conteúdos nos mostram uma enxurrada de parlamentares, juízes e promotores legislando em causa própria, me lembrei do Mário Quintana. Na segunda e última vez que o entrevistei para o jornal local do SBT, ainda no hotel do Falcão, em Porto Alegre, quando nos despedimos, eu falei que ia ficar com saudades, até a próxima entrevista. Ele olhou para o cinegrafista e naquela sua calma peculiar e imensa sabedoria, disparou: "a saudade que dói mais fundo é a saudade que temos de nós".
A pureza e o caráter do ser humano não está condicionada a datas . Vem do fundo da alma, penso eu. Parece que a maioria dos homens públicos brasileiros nunca sentirão esta saudade, ou quem sabe, diante de uma remota possibilidade neste sentido, mudam logo de pensamento, para projetar uma nova forma de dar um golpe nos saudosos contribuíntes. Imagino esses homens garotos... Será que roubavam no jogo de bolinhas de gude, será que escondiam a fruta mais gostosa para si próprios ? Será que um dia, talvez perto da morte, eles refaçam o pensamento do Quintana, lamentando a vergonha que dói mais fundo?
EntÃ

terça-feira, agosto 08, 2006

Os "bingeworkers" ( parece um palavrão, mas nada mais manso, apesar da tradução aproximada de trabalhadores compulsivos), estão na moda. Os "bing" e... lá vai bola, significam nada mais, nada menos, do que uma nova atitude entre os executivos. E pra lá de tentadora: trabalhar muito, quando tem vontade - manhã, tarde, noite, sem limite de horário - pra deixar de trabalhar por vários meses, só para fazer o que tem vontade. Ou seja, lazer puro. Tem muitos que escolhem esquiar na Suíça, outros fazem escalada e outros rezam em templos específicos. Um conselho barato e bom é kitesurfar na Praia do Futuro. Especialmente neste últimos dias, quando os ventos , se alguém bobear, carrega até gente, que caminha na beira da praia.