quinta-feira, maio 08, 2008

Resposta a um bundão!

Quem trabalha em rádio ou tevê, já sentiu várias vezes este drama na pele: programa quase na hora de ir pro ar e um convidado acaba de desmarcar a entrevista. Estava passando mal. Viajou e não conseguiu retornar à tempo. Ou... simplesmente, amarelou...
Cada produção tem o seu lema ( ou dilema), o seu quadro de reserva. Apesar do frio na barriga, que a situação sempre provoca. No nosso caso, a situação era tranquila e sempre resolvida na ponta da língua...
Liga pra Dilma!
Ah, o assunto do dia é arte? Não tem problema...
Assim, em poucos minutos, a solução estava encontrada!
Não lembro de alguma zebra, durante os quase três anos do Guaíba Mulher - um programa diário que eu produzia na rádio Guaíba, início da minha vida profissional, década de 70, em Poa - algum furo por ausência de entrevistado. A operação Dilma beleza não falhava nunca. Em casa, na faculdade, no PDT, sede do seu partido de origem, a gente a encontrava. Mesmo sem celular, objeto estranho na época. E ela nunca dizia não.
Sem atrasos. Sem desculpas. Sem frescuras. Sem lero-lero.
Prática, segura e objetiva, como Dilma Rousseff! Mesmo que a pauta passasse longe de economia, assunto de sua especialização.
Nada de auto-promoção política!
Demagogia muito menos. Na época, Dilma trabalhava muito nos bastidores do seu partido, recém fundado por Brizola e que ainda conservava a ética como princípio político e existencial. Vestida sempre na simplicidade de uma calça jeans e camiseta. Pouquíssima maquilagem, pouco notada devido aos imensos e inseparáveis óculos fundo de garrafa. Naquele tempo, não pensava em se candidatar a algum cargo político, apesar da insistência dos companheiros trabalhistas.
Hoje, no antro do poder, familiarizada no inevitável jogo de estratégias políticas, aspirando, quem sabe, à Presidência, não sei se a ministra ainda mantém a mesma postura da Dilma dos tapa buracos de programinhas regionais...
Felizmente, o caráter e a personalidade continuam firmes e fortes! Pelo menos foi o que pode se notar diante de sua resposta a um senador bundão-sádico-insano-idiota-bobo da corte, que tentou persuadi-la diante de terrorismo verbal, lembrando das torturas humilhantes pela qual ela tinha passado na ditadura.
Pobre coitado, que não conhecia a reação elegante de uma brava guerreira! Sem se desmanchar em prantos de mulherzinha, a loba enrolou o dito dentro da própria armadilha que ele havia preparado! E o que é melhor, sem perder a ternura!