segunda-feira, maio 17, 2010

Um fácil negócio

Nas grandes cidades, a abordagem de "prega dores" à pessoas nas ruas é mais discreta. Se limitam à áreas pobres, onde há mais facilidade de concentração de homens e mulheres em dificuldades financeiras e sociais. Pela própria obviedade, os sofredores são mais frágeis de convencimento, tipo, "pior do que está, é impossível, quem sabe sigo este caminho." Acreditar em algo mais, se torna um conforto...
A carência é grande. Daí não ser muito estranho perceber que, em pleno Morumbi, dito bairro nobre de Sampa, há uma espécie de marcação cerrada por zona, dos ditos doutrinadores. (Pra quem não sabe, existe até associação internacional deles). Ainda que discretos, eles sentam em determinados bancos de pontos de ônibus. Conforme a cara do vizinho que sentará ao seu lado, tá eleita a vítima. E pra isto tem que ter muito feeling. Só uma observaçãozinha: já tentou fazer um comentário inocente com um paulista na fila da padaria, por exemplo? A pessoa te olha com cara de voce é louco? Por que tá falando comigo???

Pois bem, dia destes, durante a caminhada, decidi sentar ao lado de uma "presa". Um jovem, aparentando timidez. Por cerca de três minutos, ele ouviu do coroa bem trajado, com jeito de respeitável, a opção de pertencer à Comunidade Evangélica Senhor da Paz Interior. Até chegar seu ônibus, o cara só ouviu. E levou no bolso um impresso com mais informações da seita. E claro, número do registro e cadastro nos órgãos responsáveis.

Fácil assim, porque a mamata é institucionalizada. Não existem requisitos para abrir uma igreja por aqui. Nem um determinado número de fiéis, nem sequer uma linha teológica. Basta uma apresentação da entidade, ou seja que nome se chamar, em forma de documento, para obter a inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas, o conhecido CNPJ.

Simples assim! Inclusive um, dois, três celulares da Oi, já que tocamos no comercial da dita. Isto porque, o número do CNPJ abre as portas pra tudo: uma conta bancária, com aplicações financeiras, e o que é melhor, sem qualquer tributo, diferente do que uma empresa comum é obrigada a pagar sobre este tipo de operação.

Pela constituição, união, estados e municípios são proibidos de cobrar impostos de templos, independente de cultos. Mas pode cobrar pela prestação de serviços, comprar casas, carros sem pagar Iptu, Ipva e Iss, em nome de seus criadores e dirigentes. Tem mais, se um deles, incluíndo aí, pregadores e sacerdotes forem presos, tem direito a prisão especial.

Um trabalho e tanto, né não?