Algum lugar do Rio Grande... Algum lugar de Belém Velho... Algum lugar de Salvador... Alguma praia de Vitória... Minha casa florida, escondidinha em Fortal... De onde vinha este canto lindo e diferente do pássaro que insistia em gritar bem alto pra ser ouvido, no início da manhã desta terça-feira, dando o seu grito atrasado de independência?
Maravilhoso... Mas aflito... Como que de alívio e pedido de socorro... Uma mistura de infância exuberante e rígida polidez de adulto.... Um canto de campo, em plena realidade paulista!
Parecia. Mas não era sonho. Mesmo sem a presença do sol. O escuro da luz que resplandecia às sete da manhã, entre buzinas e ruídos de trânsito engarrafado, indicava a visão do décimo segundo andar da avenida chuvosa. Ainda sonolenta, entre as cortinas semi-abertas.
Uma manhã caótica, apesar do encanto do despertar... Chuva de granizo, céu tomado de nuvens pretas... Uma São Paulo previsível.
Parecia tão longe... A casa na favela sendo arrastada. A morte de um motoqueiro imprensado entre um caminhão e ônibus. Um assalto no condominio. Uma árvore caída no carro. A luz cortada. Um tornado abortado. A vitrine praiana do shopping.
O canto emudeceu. No café da manhã. A previsão de tempo feio, pro resto do dia, no Bom dia Brasil.