quinta-feira, dezembro 07, 2006

O mar, como palco...

E da espuma prateada ela se formou. De repente. Como por encanto. Não fez qualquer ruído, pra não atiçar a calmaria do mar, neste horário. Tirou a camisola azul e soltou ao vento. Seu corpo, um contorno de diamantes, dançava delicadamente sobre as ondas. Tocou levemente na lua. Um portal se abriu. E ele reapareceu todo de branco. Carregava uma criança, coberta com cristais. Uma menina sorridente, que brincava na janela florida do céu. Outra menina adolescente, colhia rosas de brisas, que viravam cavalos marinhos ao mergulharem na água.
Um palco sem fim, sem limites de tempo ou de espaço, visto da varanda da sala. Fim do primeiro ato? É dezembro... Terra. Um clarão ilumina a noite. Uma estrela cadente, que parecia vir na minha direção. Logo o perfume. Logo o beijo. Logo, a gargalhada. Ficou a intenção do abraço forte, tão sonhado... Ficaram outras estrelas...
Outras constelações, como a Dalva, as Marias, as Boreais, que brilham e cintilam, descansando dos trabalhos de verão. Alegremente, rodam no compasso da música das esferas.
Quase a pino, a Estrela do Norte pisca para suas companheiras do Cruzeiro do Sul, bem abaixo da curva do globo rodopiante e por todos os lados, fileira após fileira, estrelas e planetas percorrem caminhos .
Quando a lua tiver completado o ciclo, será Natal. Não vejo a Estrela do oriente, do primeiro Natal, há tanto tempo atrás. Talvez ainda gire em direção às imensidões do espaço exterior, muito além destes pontos de luz, um incansável farol de marés de grande alegria anunciando outros natais em outros mundos, além do nosso conhecimento.
Talvez ela tenha chegado aos limites de seu curso e, nesse momento, esteja correndo uma vez mais em direção à terra para, um dia, iluminar o nascimento de uma menina, destinada a apoiar os passos vacilantes do homem.