terça-feira, dezembro 12, 2006

Japa fantasma, o melhor do ano.

Resultado de anos e anos vivendo sob as rédeas do coronelismo, a imprensa cearense carrega "nas costas" o árduo fardo da auto censura e ainda luta muito para publicar notícias que desagradam as autoridades locais, mesmo com todas as provas de que são verdadeiras. Nem tão diferente com o que ocorre no restante do país, aliás. Respeitando as devidas proporções, a liberdade de informação em grande parte do universo se torna parcial, na medida em que falta a grana. Ou, na facilidade desta. Do poder... De empregos...
Bem, voltando "pras" bandas daqui, o certo é que muitos jornalistas acabam pagando alguns micos por isto. Não raro, assinam matérias informando que o Ceará é o maior destino turístico do país, quando qualquer ser mais informado sabe que Rio, São Paulo, Bahia, Santa Catarina, são os estados que têm a prioridade. O que a notícia quer dizer e foi esquecida é que isto se refere a "pacotes turísticos". E por aí vai... E não há ombudsman que consiga corrigir. Por sinal, existem apenas dois ouvidores na imprensa brasileira, o da Folha e do O Povo, de Fortaleza.
Bem, o papo tá bom, mas o mais importante da estória, o famoso "lead", que já tá no meio, é com relação ao mico federal que toda a imprensa pagou neste ano: o caso do artista japonês que nunca existiu e ganhou páginas e mais páginas de matérias. O fantasma japona foi criado por um um artista local, que inventou um nome, fotos das obras do cara, acertou exposição no museu de arte comtemporânea do Centro Cultural Dragão do Mar, o mais importante daqui, imaginou um passado pro dito, deu entrevistas por e mail, criou uma assessoria de imprensa e tudo o mais. No dia da inauguração o museu estava cheio de cópias de mensagens de e mails entre ele e um outro artista, falando sobre a idéia da farsa.
Segundo o cearense, a intenção era denunciar o descaso da imprensa com os artistas locais e a desinformação em relação a arte em geral. Vixe... O fato merece ser eleito o mais "vexatório" de 2006.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

O mar, como palco...

E da espuma prateada ela se formou. De repente. Como por encanto. Não fez qualquer ruído, pra não atiçar a calmaria do mar, neste horário. Tirou a camisola azul e soltou ao vento. Seu corpo, um contorno de diamantes, dançava delicadamente sobre as ondas. Tocou levemente na lua. Um portal se abriu. E ele reapareceu todo de branco. Carregava uma criança, coberta com cristais. Uma menina sorridente, que brincava na janela florida do céu. Outra menina adolescente, colhia rosas de brisas, que viravam cavalos marinhos ao mergulharem na água.
Um palco sem fim, sem limites de tempo ou de espaço, visto da varanda da sala. Fim do primeiro ato? É dezembro... Terra. Um clarão ilumina a noite. Uma estrela cadente, que parecia vir na minha direção. Logo o perfume. Logo o beijo. Logo, a gargalhada. Ficou a intenção do abraço forte, tão sonhado... Ficaram outras estrelas...
Outras constelações, como a Dalva, as Marias, as Boreais, que brilham e cintilam, descansando dos trabalhos de verão. Alegremente, rodam no compasso da música das esferas.
Quase a pino, a Estrela do Norte pisca para suas companheiras do Cruzeiro do Sul, bem abaixo da curva do globo rodopiante e por todos os lados, fileira após fileira, estrelas e planetas percorrem caminhos .
Quando a lua tiver completado o ciclo, será Natal. Não vejo a Estrela do oriente, do primeiro Natal, há tanto tempo atrás. Talvez ainda gire em direção às imensidões do espaço exterior, muito além destes pontos de luz, um incansável farol de marés de grande alegria anunciando outros natais em outros mundos, além do nosso conhecimento.
Talvez ela tenha chegado aos limites de seu curso e, nesse momento, esteja correndo uma vez mais em direção à terra para, um dia, iluminar o nascimento de uma menina, destinada a apoiar os passos vacilantes do homem.