terça-feira, junho 14, 2011

Folclóricos fanáticos


Bonito. Bem vestido. Perfumado. Ele fechou o livro. Colocou-o na bolsa bem transada. E desceu na estação paulista do metrô, sem olhar para os lados. Mas chamou a atenção.

"O pior de tudo é que a bicha acha que é homem", disse, em tom de chacota, o cara sentado na minha frente, ao seu acompanhante, que aproveitou pra externar sua indignação diante de tanta "safadeza".


É óbvio, comentários deste tipo estão longe de ser novidade. Pessoas ignorantes também. Faz parte. Acostumamos a deixá-los nos seu lugares. É uma pena, mas esta grande parte podre da sociedade insiste em querer aparecer . Já faz um bom tempo que o circo da intolerância, conservadora ou não, teima em se apresentar, como se donos da razão fossem.

Fantasiados de papa, políticos, pastores, religiosos, lá vão eles atrás de ovelhas. Agem de tal forma, esperneiam de tudo que é jeito, falam tanta barbaridade que é impossível levá-los a sério. Mas ganham, cada vez mais, espaços nos jornais e tevês. Beiram ao folclórico.

Por não suportarem conviver com a diversidade, em todos os aspectos da sociedade, investem tudo, para defenderem o retrocesso. Acontece em vários países. Seja em movimentos organizados, como o ultraconservador Tea Party, nos Estados Unidos, a favor de políticas mais radicais em relação a imigração, religião, homossexuais e negros. Seja na eleição de políticos com perfis conservadores, como ocorre na europa. Seja em campanhas políticas, como se viu no país, no ano passado, e não necessariamente conservadoras, com a preponderância assumida por valores religiosos católicos e evangélicos, contrários a legalização do aborto e a união homoafetiva.

Pessoas tem o direito de pensar como querem. Podem ter suas próprias noções religiosas e morais sobre qualquer assunto. No caso da xenofobia e homossexualidade, a questão não é sobre opiniões pessoais. É sobre o direito de existir como pessoa, de poder andar tranquilamente pelas ruas, sem medo de ser agredido.

O caminho da cidadania e a construção de uma ideologia realmente democrática e laica sobre as diversidades e a tolerância social ainda é longo. Um dia se chega ao destino. A lei do divórcio está ai pra confirmar. Foi uma batalha árdua, no congresso. De anos. Se não me engano, mais de 25! Senhoras recatadas desmaiavam com a bíblia na mão. "O que deus uniu, não pode ser desfeito." Levavam cartazes, senhores bem vestidos. Padres e pastores rezavam.

Beiravam ao folclórico. Ficaram nos seu lugares.








































2 comentários:

Lucia Franquini disse...

... e vão morrer com as bocas cheias de formigas! Bem lembrado, a intolerância é a negação do próprio eu.

Nilton Campos disse...

Conservadores cheiram a mofo, mas jamais desistem de seus pensamentos podres! O pior é que tem gente elogiando a ditadura. "Aquele que não conhece a verdade é simplesmente um ignorante, mas aquele que a conhece e diz que é mentira, este é um criminoso! Parabéns, Shila!