sexta-feira, janeiro 04, 2008

Crentes nervosos


Os invasores estão chegando... Alguns, de mansinho... Outros, barulhentos!

Acredito que os mansos, agem desta forma, pra conquistar os tímidos. Já os gritões, pra arrebanharem, na intimidação, os mais resistentes. Ou, pensando bem, nenhum, nem outro. Quem sabe, carentes, pra mostrar que existem. Como crianças, querendo chamar a atenção:" olhem pra mim, tô aqui, preciso de colo! "

Tô falando dos crentes, que de repente, invadiram a minha praia.

"Você tá agindo como satánas. Discordando..." - foi o que ouvi, de relance, durante minha caminhada - de uma "alma" vestida à caráter, apesar de sentada numa duna de areia. Ou seja, camisa fechada até o pescoço, calça comprida, sapato e um chapelão. A dita alma, um senhor, parecia dar conselhos a um jovem, ou melhor um velho-jovem, sentado ao seu lado, com o mesmo "uniforme" de quem é merecedor do reino dos céus. Coitado. O cara devia estar se achando o último dos homens, pela sua fisionomia arrasada.

Fiquei pensando cá com meus botões, digo, com meu biquini, nesta linda manhã de sol fortalezense, o que será, ou quem, o menino contrariou, pra se sentir tão infeliz e ainda aceitar a repressão de um ser igual a ele, ou quem sabe, até mais "pecador"? De acordo, é claro, com as leis deles.

Será que constestou o sermão do pastor? Será que discordou da contabilidade do dízimo? Será que achou o horário de almoço inadequado? Será que preferia outro programa de tv? Ou será que chamou Cristo de extraterrestre?

No meu íntimo, fiquei torcendo pra esta última hipótese. Pelo menos, me convenceria que ainda há uma luz no fim do túnel dos mansos...

Poderia ter terminado aqui, né. Mas vou ter que contar o que encontrei, quilômetros adiante. Haja satanás pra aguentar. Aliás, encontrei, não. Quase fui atropelada por três artesãos, que vinham enlouquecidos atrás de mim. Verdade que só um deles gritava em altos brados: "amo Deus... Deus é meu caminho... e odeio quem a ele nega!

Será que é pra mim?... Foi a reação imediata. Bom, ele é ele. Tá passando por um lugar público. (Imediatamente me lembrei do rei da Espanha...), mas achei melhor deixar pra lá. E fiquei matutando, cá com meu biquini, que raras são as pessoas que pensam o oposto. E pelo que sei, nenhuma delas, atoas e atéias, tentou, até hoje, discutir ou impor a sua opinião. Pelo contrário, até elogiam a fé dos crentes. Como se chamassem para si, a responsabilidade pela manutenção da ordem social. Que já não é grande coisa. Mas..., imagine o mundo se metade da humanidade não fosse "temente à Deus?"

Claro que dei passagem pra turma. E fui me purificar nas ondas deste mar infernal!


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