segunda-feira, outubro 29, 2007

Perfume de mulher


Se a lua de mel com a população será curta. Se ela tem gênio autoritário. Se ela não tem preparo algum para enfrentar a crise enérgica que promete invadir a Argentina nos próximos anos. Se as roupas que usa são somente de grife, apesar de ativista nos tempos de universidade. Se o seu marido vai continuar o mesmo, até o fim do mandato... Não interessa. O importante é que Cristina Kirchner, a nova presidente da Argentina deu mais um grande salto para aproximar o exíguo mundo feminino da política.


E um salto histórico, já que representa a primeira mulher eleita pelo povo a ocupar o cargo naquele país. Mesmo após ter passado vários anos de liderança da carismática Eva Perón, ainda tão presente nos corações argentinos. Evita sempre fez questão de ficar à sombra do marido Juan, apesar de líder latente. Os tempos eram outros. Época da intolerância machista, da obrigação histórico-cultural de se mostrar mãe de nossos homens, da velha e conhecida frase " sempre por trás de um grande homem, existe uma...

Parece que a escrita começa a ser diferente. Cristina superou em dobro, os votos dados à seu companheiro, nas últimas eleições. Ainda que sua campanha tenha sido vinculada ao governo de Nestor. Não há como negar o crescimento econômico, ainda que com estatísticas manipuladas. E pra não deixar dúvidas na boa atuação feminina, a candidata que ficou em segundo, também é do gênero.

É mais uma barreira machista ultrapassada, na América Latina. Já temos uma mulher no topo político chileno. Fala-se em candidatas na próxima eleição brasileira. Que venham logo. Com apliques ou penduricalhos. Maquiadas ou de rosto lavado. Executivas ou ripongas. Elegantes ou bregas. Tatuadas ou "pircingadas" ( como a prefeita desta cidade) . Com ou sem tpm. Mas sempre dispostas a ouvir, a ponderar, a entender, a agir e dar carinho.

Sei não, mas já sinto um novo perfume no ar...

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